Origem do jumento Nordestino
O jumento Nordestino, também conhecido por jegue e jerico, é um dos animais domésticos que, certamente ao longo dos séculos vem prestando relevantes serviços ao povo nordestino, porque não dizer ao povo brasileiro. A origem do jumento nordestino é fundamentada em hipótese, sendo a mais provável que seja descendente dos jumentos norte-africanos, e que tenham vivido nas ilhas portuguesas, antes de chegarem ao Brasil. Não há relato da presença de jumentos antes do descobrimento do Brasil. Admite-se que Martim Afonso de Souza, em 1534, os tenha trazido da Ilha da Madeira e das Ilhas Canárias para São Vicente. Depois, Thomé de Souza os trouxe para a Bahia, em 1549, jumentos de Cabo Verde (Torres & Jardim, 1992).
O jumento Nordestino sempre esteve presente em todas as atividades de natureza econômica, social e cultural do nordeste brasileiro, desde os primórdios da colonização. Participou, duramente, do desbravamento e da ocupação da terra e da instalação das propriedades do litoral nordestino. Da mesma forma, ajudou a construir estradas, redes telegráficas, ferrovias, açudes e grande parte das habitações do meio rural e das cidades na Região Nordeste.
O jegue é para o nordestino o mesmo que o camelo é para o árabe ou o beduíno do deserto. Os jegues seriam realmente os camelos do Nordeste, em resistência, em longevidade, em disposição, utilidade, se lhes fossem assegurados os cuidados dispensados a outros animais de menor valia econômica (Vieira, 1992).
Andrade (1999) cita que o jumento Nordestino é, indiscutivelmente, um patrimônio nacional, um “herói do sertão”. Sobrevive sob as mais rudes condições de clima e de alimentação, e é o responsável direto pela sobrevivência de milhares de famílias pobres na região do Nordeste, sendo ainda hoje o principal meio de transporte e de serviço, e de também, rusticidade e resistência incomparável.
É o equídeo que mais presta serviços nas propriedades rurais de diferentes tamanhos, fazendo diariamente trabalhos mais árduos, a troco de uma alimentação, na maioria das vezes, pobre e escassa.
De modo geral, a eles são reservadas as piores pastagens, onde não recebem alimentação suplementar e são submetidos a serviços pesados, com jornadas de trabalhos muito longas. Entretanto, por trás de sua cara comprida, está escondido um animal extremamente social, dócil, inteligente, garboso e resistente.
Após séculos de serviços prestados, o animal símbolo do Nordeste está sendo trocado por tratores, jipes e motocicletas. São abandonados pelos donos nas rodovias municipais e estaduais perto das cidades, onde não encontram alimentação adequada, ficam vagando pelas ruas comendo alguma forrageira ou o lixo depositado nos terrenos baldios das pequenas e grandes cidades do Nordeste (Figura 26). Algumas prefeituras proíbem a entrada dos animais na cidade, ou então os levam outros municípios (Nobre 1993).