Origem dos jumentos
Segundo Domingues (1968), no período neolítico, período crítico da domesticação das espécies na Europa, não se observa a presença do jumento, nem nas palafitas, nem nos depósitos de fósseis da Dinamarca e Escandinávia. Mas o jumento selvagem, segundo Zwaenepoel (1922), citado por Domingues (1968) foi encontrado nos altiplanos do Tibet, por Przewalski em 1887, e na Núbia e Etiópia, onde é ele abundante.
Quanto à domesticação dos jumentos, prevalece a ideia de que o jumento, embora de utilização posterior ao cavalo, na Europa, foi utilizado mais remotamente na África e Ásia. A partir da viagem de Abraão ao Egito, o jumento é citado em cada página do livro de Gênesis, enquanto que sobre o cavalo, só há referência na época de José (Cornevin, 1891), citado por Domingues (1968).
Não há como determinar ou pesquisar quando, onde e como ocorreu o cruzamento do jumento com a égua ou do cavalo com a jumenta, para a produção de muares. Pode ter acontecido na Índia, Pérsia, Somália, Tibet, Núbia, Ásia Menor, pois foram nessas regiões, onde apareceram, segundo os naturalistas, o jumento e o cavalo. Outro indicativo dessa tese é o fato de terem sido encontrados grafites, esculturas em baixo relevo, desenhos em cavernas, com figuras de muares. A mais antiga referência escrita sobre os burros é a Bíblia, em Gênesis, Cap. 36, Vers.24: Aja e Ana, filhos de Sebeon, apascentavam os jumentos de seu pai, no deserto de Edom e Sehir, quando apareceram os primeiros burros, designados pelo nome de “HAYEMIN”, nome com que na língua hebraica se designa o burro (Vieira, 1992).