Werneck (1948) relata que o processo de retova começa quando um jumento aos seis meses de idade é retirado ainda mamando da jumenta, e é condicionado a mamar em uma égua, ficando junto com as éguas até que comece a cobri-las. Mas é preciso antes condicionar a égua a aceitar o jumento como filho. Assim, deve-se antes de separar o potrinho da égua, colocar sobre ele uma manta ou um saco de aniagem por um período aproximado de três a cinco dias, para que seu odor fique impregnado na manta. Em seguida, coloca-se essa manta sobre o jumento desmamado que se quer retovar. A égua quando cheira o jumento reconhece o cheiro do seu potro, passando a aceitar o jumento como filho.
 
As éguas cobertas por jumentos são chamadas de éguas mulateiras e quando os jumentos cobrem somente jumentas são chamados de jumentos asneiros. Geralmente, no período da estação de monta, recomenda-se no início colocar os jumentos para cobrir as éguas do plantel, e em seguida, iniciar as cobrições das jumentas (Torres & Jardim, 1992).    
Figura 13. Jumento e potra em processo de condicionamento, Rancho Dourado, Lagoa Dourada, MG.
Figura 12. Potrinho mamando, Fazenda Stª. Edwiges, Lagoa Dourada, MG.
Os machos atingem a maturidade sexual em torno dos 5 anos de idade, e podem iniciar sua vida reprodutiva aos 30 meses de idade. Além de acasalar com jumentas, podem também cobrir éguas, desde que seja condicionado desde a puberdade. Para isso, é necessário que sejam manejados após a desmama juntamente fêmeas equinas da mesma idade até que ambos atinjam a puberdade, quando as potras iniciam os ciclos estrais. Dessa forma o jumento faz as primeiras montas em fêmeas equinas, passando a cobrir as éguas normalmente. Quando não passam por esse processo de condicionamento, dificilmente cobrem éguas (Figura 13).
Os nascimentos dos potrinhos também devem ser comunicados em formulário próprio, dentro de um período de 150 dias a contar da data do nascimento (Figura 12). Somente podem ser registrados animais em Livro Fechado, o que significa que animais sem genealogia oficial não podem ser registrados sendo que o Registro Definitivo do produto será efetuado a partir dos 30 meses de idade (ABCJPÊGA, 2003).
              Figura 10. Acasalamento da jumenta em cio, Vale do Jequitinhonha, MG.
          Figura 11. Jumenta da raça Pêga com 25 anos, Araruama, RJ.
As jumentas podem ter a vida reprodutiva prolongada acima dos 20 anos, desde que tenham uma alimentação adequada e um bom manejo reprodutivo (Figura 11).
Pode-se também, estabelecer o sistema de monta natural a campo, que tem a inconveniência de não permitir identificar o dia exato da cobertura das jumentas, ou efetuar a inseminação artificial e transferência de embriões, que ainda são práticas pouco frequentes nos asininos, mas são viáveis, da mesma forma que nos equinos.
 
O cio da jumenta e da égua tem duração de aproximadamente sete dias, com intervalo entre cios de 21 dias. Os sinais de cio da jumenta são semelhantes aos da égua, ou seja, micção frequente, eversão dos lábios da vulva, secreção vaginal, aceitação do macho para rufiação e posterior cobrição, diferindo apenas na postura, após a jumenta fica com a cabeça erguida, o pescoço alongado e apresentando movimentos de mastigação (Figura 10) (Andrade, 1999 b).
Figura 09. Monta Controlada, Fazenda Stª. Edwiges, Lagoa Dourada, MG.
Os cruzamentos são efetuados através de monta controlada, que poderá ser realizada em qualquer época do ano, e as comunicações da cobrição devem ser anotadas em formulário próprio e comunicadas até 150 dias após, mencionando-se dia, mês e ano, bem como identificando o nome e numero de registro do reprodutor (Figura 34).
Reprodução
 
Os muares são produtos do acasalamento do jumento ou jumenta (Equus asinus, 2n = 62 cromossomos) com a égua ou cavalo (Equus caballus, 2n = 64 cromossomos).
Os burros, as mulas e os bardotos têm 2n = 63 cromossomos, porque são resultantes da união de espermatozoides, com n = 31 cromossomos, e óvulo com n = 32 cromossomos.
Os cromossomos são de duas espécies diferentes e, portanto, não ocorre pareamento dos chamados cromossomos homólogos no aparelho reprodutor da mula ou bardota, impossibilitando assim, a meiose e a gametogênese. Considerando-se então os eventos da meiose I para a produção de gametas, os muares são animais estéreis.
 
Segundo Hermsdorff (1933), o bardoto assemelha-se, pela sua morfologia, mais ao cavalo que ao jumento, pelo menor tamanho das orelhas, maior abundância de crinas e conformação do posterior, guardando, no entanto, as mesmas qualidades morais da mula. O bardoto teria, portanto, uma fisionomia mais parecida com a do cavalo e um esqueleto mais semelhante ao do jumento, acontecendo, assim, o inverso do que se observa com relação ao burro.
 
Andrade (l999 b) cita a existência de jumentos que somente acasalam com jumentas, denotando comportamento sexual frio e indiferente na presença de éguas. Em alguns casos, a presença de uma jumenta como manequim estimula a ereção. O ideal é que o jumento aprenda a acasalar com éguas desde jovem, no início de seu desenvolvimento sexual. Uma prática corriqueira, adotada com o intuito de ensinar um jumento a cobrir éguas, é soltá-lo a partir de 1,5 anos de idade com uma potra da mesma faixa etária. Assim, com a maturidade sexual, o jumento começa a acasalar a potra, e posteriormente, também poderá cobrir jumentas. Os jumentos destinados ao acasalamento das éguas são comumente chamados de muladeiros.
 
A fisiologia da reprodução da espécie asinina não tem recebido atenção dos pesquisadores da mesma forma que os equinos. A literatura especializada é escassa e o número de animais envolvidos em pesquisas é limitado. Da mesma forma que os equinos, os asininos também são influenciados pelo fotoperíodo. Assim, a época do ano mais apropriada para a implantação da estação de monta, ocorre nos meses de maior luminosidade (Silva Filho, 1984).
 
Henry (1981) relata que as jumentas apresentam uma atividade poliestral sazonal, e que o período de cios ovulatórios férteis corresponde ao período de maior luminosidade e abundância nutricional na primavera e verão. O ciclo estral da jumenta é ligeiramente mais longo que o da égua, e as anormalidades de comportamento e de atividade ovariana podem ocorrer tanto na fase anovulatória como na ovulatória. Relata ainda, que a duração do cio de oito dias dificulta a previsão do dia mais indicado para a cobrição, e que a maior incidência de ovulações ocorre perto do final do cio.
 
Henry observou também que alguns jumentos demoram demasiadamente para cobrir as fêmeas em cio, em sistema extensivo ou monta controlada, chegando certos animais a não cobrir ocasionalmente, o que vem de encontro com as queixas de alguns criadores.
Nas conclusões de seu trabalho de pesquisa, relata alguns aspectos importantes sobre o comportamento sexual dos jumentos, tanto em regime de campo, quanto em regime controlado, que criadores e técnicos devem levar em consideração, para um melhor desempenho reprodutivo dos asininos, tais como: as interações sexuais acontecem com maior frequência nos dias procedentes próximos ao dia da ocorrência da ovulação; montas sem ereção e masturbações, frequentemente reprimidas pelo homem, são comportamentos normais, ocorrem natural e espontaneamente, e não prejudicam o desempenho reprodutivo dos animais.
 
Verificou, também, que o cortejo sexual em asininos é prolongado e dividido em períodos de isolamentos espontâneo e períodos de estimulação sexual mútuo. Em regime de monta controlada, mantida a condição de liberdade de movimentos, os machos tendem a preservar o comportamento que apresentam quando em regime de monta a campo. O potencial reprodutivo de jumentos em monta a campo é grande, sugerindo ser, ligado ao tipo de manejo imposto pelo homem, a origem dos problemas com a monta controlada.
Portanto, o criador antes de tirar conclusões apressadas sobre a libido dos jumentos, deve ficar atento às observações realizadas pelo Professor Henry durante sua pesquisa na reprodução dos asininos, bem como ao manejo alimentar e sanitário dos animais, antes de substituir o reprodutor do criatório. 
 
A jumenta atinge a maturidade sexual aproximadamente aos 5 anos de idade, sendo que aos 18 meses já apresenta cios férteis. A idade recomendada para a primeira cobrição é em torno dos 36 meses de idade, quando já está com seu desenvolvimento corpóreo completo. A gestação da jumenta é de 12 meses, quando acasalada com jumento e quando o cruzamento for realizado por um garanhão, a gestação dura 11,5 meses. Na Tabela 2 têm-se um resumo do quadro reprodutivo dos equídeos
Muares
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