Ao longo dos anos, ouvimos comentários de várias pessoas perguntando se é verdade que a mula, toda vez que encontra éguas ou jumentas com crias, mata os filhotes. Conversas com vaqueiros relatam a seguinte história, que logicamente, necessita de uma pesquisa de cunho científico para comprovar sua veracidade.
A mula não se reproduz por ser um animal estéril, mas apresenta o instinto materno muito desenvolvido, ou seja, gosta e quer muito ter uma cria para cuidar. Quando encontra éguas ou jumentas com cria, instintivamente quer tomar seu potrinho e adotá-lo. Desta maneira, inicia-se uma briga ferrenha entre a égua ou jumenta com a mula para proteger e afastar a mesma de sua cria. A mula, por sua vez, quer a todo custo tomar a cria de sua mãe e adotá-la como sendo seu filho.
A égua ou jumenta entre coices, mordidas e muita correria, luta desesperadamente para proteger sua cria e expulsar a mula intrusa o mais rápido possível. Entretanto, por ser mais forte, a mula acaba tomando o potrinho de sua mãe e o leva, vitoriosa, para longe. Muitas vezes, o potrinho é gravemente machucado ou até morto durante a briga entre os animais, mas, quando sobrevive, é obrigado a acompanhar a mula, por ter sido adotado por ela. Todavia, o potrinho, por não ter como receber leite de sua mãe adotiva, já que a mula não está produzindo leite, pode até morrer de fome ao seu lado, caso não haja a intervenção do homem para devolvê-lo a sua verdadeira mãe.
Assim, os vaqueiros baseados em suas observações diárias, durante anos e anos na lida com os equídeos, explicam que as mulas não machucam ou matam os potrinhos propositadamente, mas, sim, acidentalmente quando procuram um filhote para adotar.
Na figura 31 pode-se observar uma mula Pampa em gestação e também com o potro após parto, que aos 13 anos de idade foi utilizada como receptora de um embrião de equino da raça Paint Horse em 11 de agosto de 2005, parindo em 26 de julho de 2006, no Haras Cafalloni, localizado no município de Pindamonhangaba-SP. Confirma-se então, que embora a grande maioria das mulas seja infértil, podem ser utilizadas como receptoras e que têm grande habilidade materna para cuidar de suas raríssimas crias naturais ou artificiais.