Com o propósito didático e para facilitar o entendimento do aproveitamento da silagem e do feno na dieta alimentar dos equídeos, apresentamos um resumo dos processos de ensilagem e fenação.
A conservação de forragens sob a forma de silagem e feno tem como característica oferecer um alimento com boa palatabilidade e digestibilidade, manter os níveis nutritivos próximos aos encontrados nas plantas forrageiras inaturas. Desse modo, pode-se suplementar os animais adequadamente durante os períodos de escassez de forragens, minimizando assim os efeitos da disponibilidade estacional de alimentos, ou mesmo complementar suas dietas diárias com alimentos que têm valores nutritivos constantes por longos períodos de armazenação (Santos, 1993).
O preparo da silagem consiste no corte da forrageira, transporte do material e colocação dentro do silo em camadas de 30 a 40 cm de altura, para uma melhor compactação, que pode ser feitos por tratores, equídeos ou por pessoas. Logo após a última camada depositada, o silo deve ser revestido por uma lona plástica impermeável, para que nesse local, seja criado um ambiente anaeróbico, ou seja, desprovido de gás oxigênio. À medida que as forrageiras são cortadas inicia-se o processo de fermentação, assim, o processo de ensilagem não deve exceder a 72 horas. A forrageira ensilada continua consumindo oxigênio e eliminando gás carbônico através de suas células por um período de 5 a 8 horas, ocorrendo, uma fermentação anaeróbica, que leva a produção de ácidos orgânicos, principalmente o ácido lático, (desde que haja carboidratos solúveis disponíveis),
que reduzem os níveis do pH de 3,2 a 4,2, evitando a ação de bactérias do gênero Clostridium, responsáveis pela produção de ácido butírico, que deteriora a silagem (Valverde, 1997).
Decorridos 28 dias após o fechamento do silo, completa-se o processo fermentativo, sendo que a partir desta época o material ensilado passa a ser denominado silagem.
As principais forrageiras para produção de silagem são o milho (Zea mays), o sorgo (Sorghum vulgare Pers.), consideradas plantas padrão por apresentarem teor de matéria seca e carboidratos solúveis em água, ideais para o processo fermentativo, quando ensilados no momento adequado.
Pode-se citar o capim elefante (Pennisetum purpureum Schum) e seus cultivares como parte de um segundo grupo de gramíneas recomendadas para a ensilagem, pois apresenta teores de carboidratos e matéria seca abaixo dos níveis recomendados para o processo fermentativo, resultando assim, em produto de qualidade intermediária. Finalmente, pode-se citar o milheto (Penisetum glaucum L.), e também as forrageiras tradicionalmente recomendadas para pastejo, tais como as brachiarias, capim mombaça, Tanzânia, Andropogon, os quais além de apresentarem teores de matéria seca e carboidratos solúveis efetivamente mais baixos, apresentam ainda um alto poder tampão, dificultando assim, o abaixamento do pH para níveis recomendados para a conservação da silagem.
Tanto o milho quanto o sorgo e o milheto devem ser ensilados quando atingirem o ponto farináceo duro. Já as outras gramíneas quando possível, devem passar pelo processo de emurchecimento ou pré-secagem, isto é, remoção parcial de água da planta e tem por finalidade principal restringir a extensão da fermentação durante o processo de conservação de forragens através da ensilagem e reduzir a incidência de fermentações secundárias indesejáveis (Pereira & Reis, 2001).
As silagens de milho e sorgo têm sua viabilidade econômica comprometida, quando comparadas com as silagens de capim elefante e de Panicum que, mesmo possuindo alguns problemas quanto ao valor nutritivo, digestibilidade e operacionalidade, entretanto, tornam-se um atrativo devido à alta produtividade conseguida e mais compatível com o nível de exploração desejada, além de serem perenes.
Os silos mais utilizados atualmente são os de superfície, de construção mais econômica, e os de trincheira (Figura 53 e 54). Os silos aéreos e de encosta ainda existem, mas não são mais indicados devido ao alto preço de construção e aos riscos de acidentes (Figura 55).