Figura 56. Armazenamento de feno em fardos retangulares, Sítio Piranema, Itaguaí, RJ.
O processo de fenação consiste em cortar a forragem na parte da manhã quando o sol já secou o orvalho das plantas, espalhar uniformemente pelo terreno e revolvida à tarde para uma desidratação mais uniforme. Essa operação deve ser repetida nos dias subsequentes até que o feno esteja pronto para ser enfardado ou armazenado em locais apropriados. O processo de desidratação pode ser feito à sombra, o tempo necessário para a forrageira chegar a ponto de feno é maior, mas há uma perda menor de folhas.
 
O feno pode ser feito artificialmente, colocando forragem verde em um secador, que é desidratada pela corrente de ar quente vinda de fornalha ou por um aquecedor elétrico ou outra fonte de combustão. A forrageira é submetida a uma elevada temperatura, que não prejudica seus princípios nutritivos. Na desidratação artificial pode-se fazer feno independentemente do clima, sendo que o custo de produção é mais elevado, pois é necessária a aquisição de equipamentos e uma fonte de combustão ou aquecimento (Andriguetto et. al, 1982).
 
O feno pode ser armazenado em fardos por um longo período, desde que esteja protegido da chuva e locais com pouca ventilação (Figuras 56).
    Figura 55. Prensa manual, Sítio Piranema, Itaguaí, RJ.
Figura 54. Corte de capim Coastcross para fenação, Sítio Piranema, Itaguaí, RJ.
A fenação consiste na redução do teor de umidade de 65 a 85% das forragens no momento de corte para 10 a 15%, através de processos naturais ou artificiais, visando preservar o seu valor nutritivo. O processo de fenação deve ser iniciado em dias com altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar para evitar perdas parcial ou total da massa verde cortada.
 
As plantas forrageiras para produção de feno devem ser ceifadas em seu melhor estágio vegetativo ou ponto ótimo de corte. O feno produzido com gramíneas no período de floração tem o valor proteico diminuído. No caso das leguminosas, o corte pode ser realizado no início da formação das vagens. A relação da quantidade de forragem verde cortada para a produção de l kg de feno é de 3,5: 1 (Andrade, 1999 a).
 
Um feno de boa qualidade tem a cor esverdeada é rico em folhas, caules macios e flexíveis, isentos de plantas invasoras, e tem aroma agradável.
 
Pode-se produzir feno de boa qualidade pelo processo manual, ou com o auxílio de máquinas e equipamentos menores, há uma demanda maior de mão-de-obra e aumenta o custo de produção (Figura 54). A utilização de prensa manual para dar forma aos fardos de feno é o processo mais usado pelos pequenos produtores para a comercialização e alimentar seus animais (Figura 55).
Figura 53. Silo de superfície, Lagoa Dourada, MG.
Com o propósito didático e para facilitar o entendimento do aproveitamento da silagem e do feno na dieta alimentar dos equídeos, apresentamos um resumo dos processos de ensilagem e fenação.
A conservação de forragens sob a forma de silagem e feno tem como característica oferecer um alimento com boa palatabilidade e digestibilidade, manter os níveis nutritivos próximos aos encontrados nas plantas forrageiras inaturas. Desse modo, pode-se suplementar os animais adequadamente durante os períodos de escassez de forragens, minimizando assim os efeitos da disponibilidade estacional de alimentos, ou mesmo complementar suas dietas diárias com alimentos que têm valores nutritivos constantes por longos períodos de armazenação (Santos, 1993).
 
O preparo da silagem consiste no corte da forrageira, transporte do material e colocação dentro do silo em camadas de 30 a 40 cm de altura, para uma melhor compactação, que pode ser feitos por tratores, equídeos ou por pessoas. Logo após a última camada depositada, o silo deve ser revestido por uma lona plástica impermeável, para que nesse local, seja criado um ambiente anaeróbico, ou seja, desprovido de gás oxigênio. À medida que as forrageiras são cortadas inicia-se o processo de fermentação, assim, o processo de ensilagem não deve exceder a 72 horas. A forrageira ensilada continua consumindo oxigênio e eliminando gás carbônico através de suas células por um período de 5 a 8 horas, ocorrendo, uma fermentação anaeróbica, que leva a produção de ácidos orgânicos, principalmente o ácido lático, (desde que haja carboidratos solúveis disponíveis),
 
que reduzem os níveis do pH de 3,2 a 4,2, evitando a ação de bactérias do gênero Clostridium, responsáveis pela produção de ácido butírico, que deteriora a silagem (Valverde, 1997).
Decorridos 28 dias após o fechamento do silo, completa-se o processo fermentativo, sendo que a partir desta época o material ensilado passa a ser denominado silagem.
 
As principais forrageiras para produção de silagem são o milho (Zea mays), o sorgo (Sorghum vulgare Pers.), consideradas plantas padrão por apresentarem teor de matéria seca e carboidratos solúveis em água, ideais para o processo fermentativo, quando ensilados no momento adequado.
 
Pode-se citar o capim elefante (Pennisetum purpureum Schum) e seus cultivares como parte de um segundo grupo de gramíneas recomendadas para a ensilagem, pois apresenta teores de carboidratos e matéria seca abaixo dos níveis recomendados para o processo fermentativo, resultando assim, em produto de qualidade intermediária. Finalmente, pode-se citar o milheto (Penisetum glaucum L.), e também as forrageiras tradicionalmente recomendadas para pastejo, tais como as brachiarias, capim mombaça, Tanzânia, Andropogon, os quais além de apresentarem teores de matéria seca e carboidratos solúveis efetivamente mais baixos, apresentam ainda um alto poder tampão, dificultando assim, o abaixamento do pH para níveis recomendados para a conservação da silagem.
 
Tanto o milho quanto o sorgo e o milheto devem ser ensilados quando atingirem o ponto farináceo duro. Já as outras gramíneas quando possível, devem passar pelo processo de emurchecimento ou pré-secagem, isto é, remoção parcial de água da planta e tem por finalidade principal restringir a extensão da fermentação durante o processo de conservação de forragens através da ensilagem e reduzir a incidência de fermentações secundárias indesejáveis (Pereira & Reis, 2001).
 
As silagens de milho e sorgo têm sua viabilidade econômica comprometida, quando comparadas com as silagens de capim elefante e de Panicum que, mesmo possuindo alguns problemas quanto ao valor nutritivo, digestibilidade e operacionalidade, entretanto, tornam-se um atrativo devido à alta produtividade conseguida e mais compatível com o nível de exploração desejada, além de serem perenes.
 
Os silos mais utilizados atualmente são os de superfície, de construção mais econômica, e os de trincheira (Figura 53 e 54). Os silos aéreos e de encosta ainda existem, mas não são mais indicados devido ao alto preço de construção e aos riscos de acidentes (Figura 55).
Figura 52. Equídeos consumindo silagem de milho, Fazenda Stª. Edwiges e Rancho Dourado - Lagoa Dourada, MG.
Jordan (1979) relata que silagem de milho pode ser ingerida por éguas adultas, não causando nenhum problema digestivo, e que o consumo aumenta quando adicionada uma fonte de Nitrogênio (NNP), no caso do estudo foi adicionado cama de peru como fonte de proteína. Recomenda ainda, uma fonte de minerais e vitaminas para um maior equilíbrio da dieta.
 
Tosi et al, (1979) relatam que a silagem de milho fornecida como volumoso exclusivo para potras da raça Puro Sangue Inglês com peso vivo médio de 390 kg, não causou qualquer distúrbio digestivo, apesar de os animais permanecerem confinados durante todo o período experimental e ainda melhorou o estado dos mesmos. Os equídeos podem utilizar a silagem em sua dieta alimentar, mas quando os animais não estão adaptados, deve-se fornecer pequenas porções de 2 a 3 kg/animal/dia durante cerca de 15 dias, podendo chegar o consumo diário de 28 Kg.
 
Santos (2000) cita que a silagem de grãos úmidos de milho, constitui-se em uma alternativa viável de substituição total do milho grão seco, em rações para equinos em crescimento criados em pastagens de capim Tifton 85 (Cynodon spp. L.). 
                          
A silagem pode ser usada pelos jumentos, suplementando outros volumosos e concentrados. Animais adultos podem receber, em média, 4 a 5 kg de silagem por dia, enquanto animais com idade entre 1 a 2 anos de idade, podem receber 3 a 4 kg por dia e, animais com até 1 ano de idade, 2 a 3 kg por dia (Azevedo et al, 1981). Embora as literaturas especializadas em produção animal não abordem com profundidade científica a utilização da silagem para as dietas dos equídeos, pode-se observar na prática, sua utilização há mais de 12 anos nos criatórios Santa Edwiges e Rancho Dourado, no município de Lagoa Dourada, Minas Gerais (Figura 51).
Figura 50. Éguas Mangalargas comendo silagem em período de estiagem, Rancho Dourado, Lagoa Dourada, MG.
No período das águas, quando há excesso de massa verde pode-se aproveitar e armazenar o material excedente para ser utilizado, sob a forma de silagem e feno no período de estiagem, quando ocorre uma diminuição da produção da forrageira, bem como do seu valor proteico.
 
Por ocasião da época de inverno, onde a ação do frio, a diminuição do período de luminosidade, e a escassez de chuvas, fazem com que a produção de massa verde das forrageiras fique bastante comprometida em sua qualidade e quantidade para manter uma alimentação adequada para os animais do criatório, deve-se, portanto propiciar uma suplementação alimentar para todos os equídeos da propriedade nessa estação. Assim, o fornecimento de silagem e feno, bem como a ração concentrada contendo fontes proteicas, energéticas e todos os minerais e vitaminas requeridas pelos animais, além de aditivos que melhoram a performance produtiva. Essa ração deve ser misturada a um volumoso para compor a dieta total dos equídeos, principalmente nos períodos de estiagens ou períodos secos para assegurar uma alimentação equilibrada durante todo o ano (Figura 50).
Figura 49. Capim Colonião utilizado para capineira, Itaguaí, RJ.
Andrade (1999 b) relata que na fase de recria dos potrinhos, as topografias moderadamente acidentadas favorecem o fortalecimento gradual e progressivo do sistema locomotor, cascos, ossos, tendões, ligamentos, articulações, cartilagens e músculos, além de estimular o condicionamento dos sistemas respiratório e circulatório.
 
As pastagens formadas com capim Colonião, quando manejada adequadamente, constituem-se em excelente fonte de volumoso para os equídeos no pastejo direto, bem como na forma de capineira para corte (Figura 49).
Figura 48. Éguas matrizes em pastejo rotativo em capim Gordura, Faz. Pedra Branca, Domingos Martins, ES.
Na Figura 48 pode-se observar as pastagens formadas com capim Gordura nativo da região em topografia acidentada.
 
Figura 47. Mula em pastagem com topografia acidentada, Faz. Pedra Branca, Domingos Martins, ES.
Quando o criador faz o pastejo rotacionado por diferentes categorias animais, possibilita um melhor aproveitamento da alimentação das fêmeas em final de gestação, das matrizes paridas e dos potrinhos que começam a ingerir forrageiras com um valor nutritivo melhor e mais macias, dos animais em crescimento, animais de serviço, dos reprodutores, bem como um controle mais eficaz de endo e ectoparasitos, além de diminuir consideravelmente os custos com mão-de-obra. Nesse processo de rotação de pastagem pode-se, inclusive aproveitar a sobra de massa verde na época das águas para produção de feno e também de silagem, para suplementação dos animais no período de escassez de forragem.
 
As pastagens devem fornecer não apenas uma boa dieta alimentar, mas também condições para os animais desenvolverem sua estrutura óssea e muscular, em função do exercício natural que realizam durante o pastejo e as constantes caminhadas. As áreas de pastagens devem dispor de água de boa qualidade e abundante, bem como dispor de sal mineralizado ao livre acesso dos animais, e também possuir área sombreadas por árvores ou outro sistema de sombreamento para o conforto térmico dos animais. As gramíneas mais utilizadas para formação de pastagens dos equídeos são o capim Tifton (Cynodon spp. L.), capim Coastcross (Cynodon dactylon L. pers.), capim Gordura (Melinis minutiflora Beauv.) e o capim Colonião (Panicum maximum Jacq), dentre outras.                        
  
Na Figura 58 pode-se observar um plantel de jumentas da raça Pêga em pastagem de capim Coastcross, com sombreamento de árvores do cerrado na região de Lagoa Dourada, MG.
 
Figura 46. Animais em pastagem de Coastcross sombreada, Fazenda Stª. Edwiges, Lagoa Dourada, MG..
Quando o criador faz o pastejo rotacionado por diferentes categorias animais, possibilita um melhor aproveitamento da alimentação das fêmeas em final de gestação, das matrizes paridas e dos potrinhos que começam a ingerir forrageiras com um valor nutritivo melhor e mais macias, dos animais em crescimento, animais de serviço, dos reprodutores, bem como um controle mais eficaz de endo e ectoparasitos, além de diminuir consideravelmente os custos com mão-de-obra. Nesse processo de rotação de pastagem pode-se, inclusive aproveitar a sobra de massa verde na época das águas para produção de feno e também de silagem, para suplementação dos animais no período de escassez de forragem.
 
As pastagens devem fornecer não apenas uma boa dieta alimentar, mas também condições para os animais desenvolverem sua estrutura óssea e muscular, em função do exercício natural que realizam durante o pastejo e as constantes caminhadas. As áreas de pastagens devem dispor de água de boa qualidade e abundante, bem como dispor de sal mineralizado ao livre acesso dos animais, e também possuir área sombreadas por árvores ou outro sistema de sombreamento para o conforto térmico dos animais. As gramíneas mais utilizadas para formação de pastagens dos equídeos são o capim Tifton (Cynodon spp. L.), capim Coastcross (Cynodon dactylon L. pers.), capim Gordura (Melinis minutiflora Beauv.) e o capim Colonião (Panicum maximum Jacq), dentre outras.                        
  
Na Figura 46 pode-se observar um plantel de jumentas da raça Pêga em pastagem de capim Coastcross, com sombreamento de árvores do cerrado na região de Lagoa Dourada, MG.
 
Figura 45. Animais em pastagem de Coastcross, Rancho Dourado, Lagoa Dourada, MG.
ALIMENTAÇÃO VOLUMOSA DOS EQUÍDEOS – MUARES, JUMENTOS E CAVALOS.
 
.Pastagens, Silagens e fenos.
 
A alimentação é um dos fatores que mais prejudicam a produção de jumentos e muares no Brasil. A eles são reservadas as piores pastagens e mesmo quando sobram forragens, as éguas e jumentas não recebem suplementação alimentar em épocas de estiagem. São elas que vão gerar, parir e criar os futuros animais, contudo, são criadas em pastagens em péssimas condições, comprometendo o desenvolvimento do feto durante a gestação, e após a parição, ficam debilitadas e desnutridas. Consequentemente, há um aumento do intervalo entre partos, pois as fêmeas não apresentam os ciclos estrais regulares ou, quando apresentam, a fertilidade é baixa.
 
A maioria dos criadores de muares está preocupada em fornecer uma melhor alimentação, tanto nos períodos das águas quanto nos períodos de estiagens, possibilitando, assim, melhores condições corporais aos animais em gestação, melhor desenvolvimento fetal, maior produção de leite das éguas e jumentas, e consequentemente, um melhor e maior desenvolvimento dos potros. O sistema de pastejo rotacionado em pastagens naturais ou artificiais no verão ou período das águas ainda é o sistema de alimentação mais eficaz e econômica da criação dos equídeos. A rotação de pastagem é importante para que os animais tenham acesso às forrageiras com valor proteico mais elevado, melhor palatabilidade e digestibilidade, possibilitando assim um melhor aproveitamento no pastejo (Figura 45).
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